O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou seus ministros para rebater a direita em redes sociais sobre o Projeto Antifacção, em disputa no Congresso Nacional. A ordem é não deixar sem resposta nenhuma tese levantada através do grupo, que tenta modificar a proposta enviada através do Planalto depois de a operação policial mais mortal da história do Brasil, realizada no final de outubro, no Rio de Janeiro.
Até o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que não fica diretamente envolvido na articulação do projeto antifacção, entrou no tema. Ele gravou vídeo cobrando o relator da proposta, o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), pelas mudanças feitas no parecer. O titular da pasta, que foi delegado em Minas Gerais, ainda pediu desarquivamento da PEC que concede autonomia à Polícia Federal.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, também apitou sobre o assunto. “Derrite, me esclarece uma coisa. Você vem promovendo esse ataque à Polícia Federal para atender a quem?”, reclamou o auxiliar do presidente Lula. Ele faz referência a uma das versões do relatório proposto através do deputado, que esvaziava competências da PF.
4 imagens1 de 4O deputado Guilherme Derrite PP-SP, relator do PL Antifacção, deixa o plenário da Câmara dos Deputados
KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo2 de 4Guilherme Derrite em fala com Hugo Motta
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KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo4 de 4O diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou o relator. “Sequer os interessados estão sendo ouvidos. Tudo sendo feito de forma atabalhoada. Por trás disso aí tem algum interesse que não existe à luz do dia. Por que isso?”, falou.
Ministro da Casa Civil, Rui Costa, abordou o projeto numa agenda na Bahia. Explicou que Lula tem dado “prioridade” na área de segurança. Ele ainda afirmou que não se deve apenas “combater o andar de baixo”, porque quem comanda o crime “muitas vezes está numa casa de luxo”.
E assim continua, a lista de ministros falando sobre o tema é extensa. Segundo interlocutores, foi resultado de um pedido do Planalto para que o assunto seja abordado exaustivamente, para impedir que a tese da direita sobre a proposta se propague.
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A direita primeiramente tentou equiparar facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), a grupos terroristas. Depois de revezes na disputa política interna na Câmara, Derrite agora tenta definí-las como toda “organização criminosa ultraviolenta” que tenta o “controle de territórios ou de atividades econômicas” por intermédio da violência.
Como o relatório da direita já mudou quatro vezes, a ordem no governo é reforçar a ideia original do Palácio, de maneira a dar consistência no argumento diante da opinião pública. A defesa da Polícia Federal, neste caso, se tornou um ponto basilar na discussão.
Reforço Na quinta-feira (13/11), Lula teve uma reunião com ministros que já foram governadores. Conforme a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, o presidente ajuda na articulação com os deputados para aprovar a versão do Planalto.
“Os ministros são ex-governadores, têm relação com os deputados de suas bancadas e dialogam com eles. Isso nos ajuda na articulação dentro do Congresso. O governo se dedicou por seis meses para elaborar o projeto. Não nasceu em dois dias. Foi discutido com especialistas, com a universidade, com autoridades da área de segurança dos estados e com os governadores”, falou Gleisi.
Com informações Metropoles

